30.4.01

O New York Times montou uma cápsula do tempo para ser aberta no ano 3000. Ela foi construída durante 1999 e colocada no museu onde deve ficar essa semana.

Dois probleminhas que tornam a cápsula menos representativa da nossa forme de viver hoje: para evitar problemas de leitura, todas as informações foram armazenadas em forma analógica. E nada de música, por conta de problemas con direitos autorais. O século XX vai parecer tão silencioso...(RSF)
Há algum tempo atrás, a SDMI lançou um desafio: quem conseguisse quebrar a segurança dos seus formatos para música digital. Alguns grupos de cientistas conseguiram, mas estão impedidos de divulgar os resultados. (RSF)
Lemony Sniket é um biógrafo que está investigando a infeliz vida dos orfãos da família Baudelaire. Mesmo que seu trabalho seja bastante desagradável, ele prometeu publicar todos os resultados de suas pesquisas e fará isso, para a infelicidade de todas as crianças.

Daniel Handler é um farsante que foi entrevistado pelo New York Times e afirma ser Lemony Snicket. Como ele ousa proclamar tal infâmia, eu não sei. Mas sei que desejo ansiosamente mergulhar na miserável existência dos Baudelaire.

Na falta, acho que vou ler um Harry Potter.(RSF)
Uma história em 55 palavras. É só isso que o concurso do New Times, de San Luis Obispo, pede.

Como uma história fica completa em 55 palavras, sabe-se lá. Algumas não passam de piadas, mas outras... As que mais gostei foram "Crown of Thorns", "Death Watch", "Escape Claws" e "Color Guard". (RSF)
O pouco que li no domingo teve figurinhas. Opium, de Daniel Torres, e Ragú, de um coletivo pernambucano.

Opium conta as desventuras de um arrogante apresentador de tv com pretensões messiânicas chamado Ruben Plata e seu sofrimento nas mãos de Sir Opium, um gênio do crime. E que gênio do crime: todos os seus planos dão certo, mesmo quando o herói idiota acha que triunfou. A história é legal, apesar de um pouco repetitiva. Mas o melhor são os desenhos: a arte de Torres é fantástica. As cores chapadas e o desenho super-estilizado dão um efeito retrô, ao mesmo tempo que o cenário é futurista. Tipo "Terminal City".

Ragú é uma antologia pernambucana. Uma penca de autores - escritores, poetas e desenhistas - conseguiram apoio de algumas empresas e lançaram uma revista em p&b muito bem feita. As histórias variam muito, como toda antologia. Tem umas coisas meio políticas - tipo Bundas - que achei bem fraquinhas e tal, mas outras coisas são fantásticas. "Morangos Negros", do Amaral; "A História de K" (baseada em "A Metamorfose"), de Igor Medeiros e Mascaro; "Fechado para Balanço", de Miró e Flavão e "H2 Love", de Miró e Mascaro são ótimas.

Tenho dois números, mas saíram três. Do terceiro só me lembro de uma história de um cara para quem a cidade sempre mudava. Não me lembro de quem era...

Se você quiser saber mais ou encomendar a Ragú: raguhq@zipmail.com.br ou 81-423-4653. (RSF)

29.4.01

Acho que larguei "O Castelo dos Destinos Cruzados" pra lá por mais um ano. Agora sem dúvida, é o pior livro de Calvino.

Hoje li pouca coisa. Acordei tarde, fui ao cinema. Até o momento, só uma história da Liga da Justiça, de pé numa livraria. A história saiu na Superman 7. Nela, Batman manda a Liga atrás de Bruce Wayne (!). Escrita por Mark Waid emulando Morrison. Saem umas história boas assim. O resto da revista, nem olhei.

Estou cada vez mais puto com a Abril. Onde já se viu cortar Maggeddon? Morrison escreve a história toda pra um final, daí vem um editor e decide não publicar o arco por ser "infantil". Quer mais infantil que a história que uma história que saiu na Superman 3 na qual o Super e Mulher-Maravilha são transportados para um mundo onde o tempo passa diferente e os dois ficam lá por mais de mil anos? E só depois de séculos pinta um clima? E não rola nada porque o Super-Homem ainda ama a Lois Lane? Quem escreve esse tipo de coisa? Danielle Steel?(RSF)

28.4.01

Até agora - e não estou vendo nenhuma perspectiva de melhora - "O Castelo dos Destinos Cruzados" é o livro mais chato de Italo Calvino. O uso das cartas para formar as histórias é muito esperto e tal, mas a prosa é arrastada. E as histórias parecem todas iguais. Terminei a primeira parte agora há pouco e não estou com a mínima vontade de começar a segunda. Acho que vou pular direto para a nota escrita por Calvino no fim do livro. (RSF)
Uma das séries de super-heróis mais legais que apareceram na década de 90 (as outras são JLA e as da ABC Comics), Starman está terminando. Não sendo cancelada por vendas baixas, mas chegando ao final. Achei esse comentário sobre a série, explicando por que ela vale a pena. (RSF)
Ontem eu comecei a ler "O Castelo dos Destinos Cruzados", do Italo Calvino. Já tinha começado antes, quando comprei há quase um ano, mas ele perdeu minha atenção pro "Trilogia de Nova York", de Paul Auster.

"O Castelo" conta histórias passadas num castelo onde ninguém consegue falar. Para contar suas histórias, os hóspedes apenas de um tarô. Dispondo as cartas na mesa, as histórias vão sendo construídas e interpretadas por um narrador - que não sei se muda a cada conto, já que só li um.

O livro está dividido em duas partes: "O Castelo dos Destinos Cruzados" e "A Taverna dos Destinos Cruzados". Desconfio e as histórias - as cartas dispostas na mesa - se repetem e só as interpretações mudem. More on this later. (RSF)

27.4.01

Terminei "Odisséia Digital". Os errinhos aumentam um pouco no segundo capítulo, sobre a história da Internet. E as distorções saem da curva no capítulo três, sobre as tendências para o futuro. Dá pra acreditar que eles não falam nenhuma vez em "comunidades virtuais", "software livre", "listas de discussão" ou qualquer outra coisa que não tenha diretamente com o mundo do capital? Sério!

Anteontem eu terminei "Cultura da Interface". É muito, muito bom. Nesse final de semana devo comentar alguma coisa mais. Juro.(RSF)
"We English-speaking peoples should keep hold of the essential fact about foreign languages: They exist to make us laugh."

John Derbyshire, in Linguistically Challenged



Mesmo sendo falante de uma "língua estrangeira", não dá pra deixar de entender o ponto de vista depois dos exemplos hilários apresentados. (RSF)
"If you hit a writer's block, stop and take a break. Try to keep breaks under ten years in length."

Para quem tem algum interesse em escrever ficção, dicas como essa são muito úteis. Mais que isso, Good luck with the sex scenes traz algumas dicas indispensáveis para quem quer se tornar um "autor".(RSF)

26.4.01

Comecei a ler "Odisséia Digital", uma edição especial da Abril sobre a história e prognósticos da "Revoluçao Digital". Os autores do texto são Max Gehinger e Jack London.

O primeiro capítulo, de três e único que já li, é muito bom, apesar de algumas distorções e uns erros menores, como a perpetuação de alguns mitos em prol de uma boa história; a velha história de que HAL é uma brincadeira com IBM, por exemplo.

Mesmo assim eu recomendo. A história toda vem muito bem explicadinha, mesmo pra quem não entende nada desse negócio de computador.

Só não sei informar onde arranjar a revista. Arrumei minha cópia na casa de praia dos meus pais. Na borda da capa tem que ela é parte integrante de algumas revistas da Abril, mas não achei data em canto nenhum. (RSF)
Doom Patrol: 47. Prólogo

Narrador:
"There is, in the sordid quarters of Berlin, a brothel that caters to highly-specialized tastes. It is visited by men and women who are only capable of sexual fulfillment at the hands of ghosts.

No, there is! Honestly!

I´m not making it up."


É Grant Morrison falando? É um narrador-oniciente-personagem? Alguém sabe alguma coisa sobre sexo com fantasmas, conhece alguma referência? Se souber, favor avisar.

Kipling (uma paródia de Jonh Constantine):
"According to my sources, the apocalypse breaks through the physical plan sometime in 1992.

The peak should be reached 1999 and life on Earth will have ceased to exist by 2012."


A idéia do Apocalipse estar preso ao calendário maia é uma constante nas histórias de Grant Morrison. Em "The Invisibles" a idéia também está presente e o volume 3 - que se passa em 1999 - é todo montado sobre a aceleração da realidade em direção à Singularidade, que acaba realmente acontecendo num epílogo em 2012.

O Apocalipse preso ao calendário maia, a Singularidade e a aceleração são idéias que foram colocadas juntas por Terence McKenna. Com o fracasso do Fim do Mundo em 2000, podemos esperar que a idéia comece a circular ainda mais por aí. 1984 passou. 1999 passou. 2000 passou. E, em 2001, até agora nada de Monolito na Lua. Espero que 2012 não deixe ninguém na mão. (RSF)
O e-mail balançou novamente o equilíbrio entre linguagem escrita e falada. Por sua velocidade e assincronidade, ele é muitas vezes um substituto para o telefone.

Mas, como era de se esperar, a linguagem escrita está sendo transformada pela correspondência eletrônica, se "contaminando" com a linguagem oral e um bom tanto de iconografia. (RSF)
Temos o hábito de usar sinônimos para não nos repetirmos. Mas nem sempre os sinônimos são melhores que a repetição. Usar sinônimos traz alguns riscos: soar ridículo, ser inexato...

Mas, mais importante que um texto chato ou não, usar sinônimos pode evitar que o leitor fique contando as palavras até chegar àquelas que seriam substituídas por sinônimos. Assim, os sinônimos acabariam ajudando o leitor, mesmi que o autor tenha que trabalhar um pouquinho mais. (RSF)

25.4.01

Se você tivesse a oportunidade de viajar no tempo, seria para o passado ou para o futuro?

Caso você prefira a segunda opção, é bom levar em conta alguns conselhos muito úteis para o encontro com culturas futuras. Cortesia de Philip Ryan, do McSweeney´s.(RSF)
Hoje fui consultar um dicionário antes de sair de casa e - devido às precárias condições de armazenagem de minhas coisas - um livro me atacou: "Cidades Invisíveis", de Italo Calvino. Comecei a dar uma olhada e acabei me batendo com um dos textos do livro que mais gosto:

"As Cidades Delgadas 5

Se quiserem acreditar, ótimo. Agora contarei como é feita Otávia,
cidade-teia-de-aranha. Existe um precipício no meio de duas
montanhas escarpadas: a cidade fica no vazio, ligada aos dois cumes
por fios e correntes e passarelas. Caminha-se em trilhos de madeira,
atentando para não enfiar o pá nos intervalos, ou agarra-se aos fios
de cânhamo. Abaixo não há nada por centenas e centenas de metros:
passam algumas nuvens; mais abaixo, entrevê-se o fundo do
desfiladeiro.

Essa é a base da cidade: uma rede que serve de passagem e
sustentáculo. Todo o resto, em vez de se elevar, está pendurado
para baixo: escadas de corda, redes, casas em forma de saco, varais,
terraços com a forma de navetas, odres de água, bicos de gás,
assadeiras, cestos pendurados com barbantes, monta-cargas,
chuveiros, trapézios e anéis para jogos, teleféricos, lampadários,
vasos com plantas de folhagem pendente.

Suspensa sobre o abismo, a vida dos habitantes de Otávia é menos
incerta que a de outras cidades. Sabem que a rede não resistirá
mais que isso."

Existem outros pedaços que gosto tanto quanto esse, mas que não estavam convenientemente já digitados.(RSF)

24.4.01

Uma das tiras que descobri na Internet e acompanho é Sin Fest, de Tatsuya Ishida. Bem desenhada e nem um pouco politicamente correta, ela tem mais que algumas semelhanças com uma outra tira bem famosa.(RSF)
Ainda estou lendo Cultura da Interface, faltando só a conclusão. Assim que terminar - amanhã, imagino - coloco alguns comentários sobre os capítulos e o livro aqui. Se você viu meu comentário sobre a introdução e primeiro capítulo e ficou com o pé atrás, fique sabendo que o resto é muito melhor(RSF)
Ontem, recebi um e-mail com uma carta respondendo a Laura Schlessinger, uma apresentadora de programas de rádio que é claramente anti-gay. Num programa ela que a homossexualidade é uma abominação de acordo com Levítico 18:22. Mas Levítico - e o resto da Bíblia - diz muito mais...(RSF)
Depois de um bom tempo de enrolação, li The Three Stooges Play Zunil, sobre como a globalização está afetando a cultura de alguns vilarejos indígenas na Guatemala.

O artigo é o segundo de uma série de relatos de viagem do autor, Mitchell Stephens, em busca das tão faladas mudanças causadas pela globalização.

Além dos textos da Feed, Stephens está mantendo um site com um diário da viagem, que ainda não olhei.(RSF)

23.4.01

No No.com.br: Pedro Doria comenta a "Literatura do Século 21" dos zines na rede. Como quase toda vez que aparece um comentário sobre esse movimento literário - se é um mesmo - em formação, o autor tem que ser sarcástico.(RSF)
O planeta está ficando mais quente. O nível das águas subindo. O gelo derretendo. E tudo isso por causa das emissões de gás carbônico provocadas pelo homem, certo?

Não é bem assim. Ninguém tem certeza de nada, mas isso não impede alguns grupos de usarem o efeito estufa como ferramenta política.(RSF)
Doom Patrol: número 46

Lembra que eu falei que uma das táticas dos homens de terno era mexer no cérebro de quem soubesse segredos da Conspiração? Depois que Flex Mentallo conseguiu deixar o Pentágono circular, um deles - pelo menos - foi libertado.

"I guess you remember how the Men From N.O.W.H.E.R.E. scrambled my brain, so that I could right only nonsense prose. I tought I was all washed up but whassya know? Those fellas did me a favor!

I´ve found myself a new literary niche as a ground-breaking experimental narrative inovator! I´ve been hailed as the natural sucessor to Joyce and Burroughs and me and old Barney here are doing just fine!"


Basta escrever uma lista de compras e, voilá, e Harry Christimas é um poeta surrealista (ou qualquer outra coisa sem sentido do tipo).(RSF)
O pessoal do Disinformation analisa as mensagens subliminares de alguns filmes lançados em 2000. Além dos comentários, links para sites explicando os conceitos usados. E o único comentário não-totalmente-negativo do terrível "Missão: Marte" que já vi.(RSF)

22.4.01

Descobri hoje na rede uma hq chamada "Demonology 101". Li bem pouquinho, mas parece legal. É a história de uma garota de 16 anos que é bem normal e tal, tirando ser um demônio. Até o momento, está me lembrando um pouco "Strangers in Paradise", mas não sei o motivo.

O desenho tem um quê de mangá e, apesar da arte-final em alguns quadros ser terrível, é bem-feitinha.(RSF)
O World Wide Words do dia 14 publicou uma resenha de um livro de palavras estranhas que tem um significado muito preciso - como "shibui", "a beleza de envelhecer", em japonês. O nome do livro é "They Have a Word for it".

Num momento o autor comenta que algumas das palavras do livro não são tão desconhecidas assim. Entre elas "potlatch". Acho que é o terceiro lugar em que já vi essa palavra (contando um dicionário).(RSF)
Ainda mais Doom Patrol: número 45

Existe um personagem da Marvel Comics chamado Justiceiro. Uma coisa Charles Bronson, em "Desejo de Matar": a família de Frank Castle, um ex-fuzileiro naval, foi morta no fogo cruzado de uma guerra de gangues. Depois de pirar, o cara resolve se vingar e sai matando criminosos.

A história "The Beard Hunter" é uma sátira desse personagem. Earnest Franklin é um homem de trinta e poucos anos que mora com a mãe, não tem namorada, não tem pelos faciais por conta de uma deficiência hormonal e mata homens que tenham barba, barbeando-os em seguida.

Franklin é contratado pelo "Bearded Gentlemen´s Club of Metropolis" para matar Nilus Caulder, o lider da Patrulha do Destino. Segundo o presidente do clube, Caulder "perdeu o uso da sua barba" alguns anos antes da história. O clube fez uma oferta para comprar a barba, mas além de terem a proposta recusada, os membros foram chamados de lunáticos.

A maior parte de história se passa num super-mercado vazio, onde Caulder - que é paraplégico - é atacado por um Franklin com uma Uzi. Obviamente, Franklin falha em sua missão e morre.

O legal da história é que ela é igualzinha a uma história do Justiceiro. Da estrutura aos enquadramentos, passando pelo monológo interno do "herói" machão:

"Sunflower oil. I go down like a five-dollar hooker."

"Rip my shirt up a little bit.
Rub some sunflower oil onto my muscles.
Make ´em glisten.
All I nedd now´s a mirror."

"There are fifteen cookies in every package of 'utterly butterys'.
I break them.
One by one."

"Everything goes dark.

Looks like
I´ll never get
around to

dating."

"Who needs girls?
All they ever want is to go to the movies and play hard-to-get. The guys down at the gym talk about it all the time.

What do they know of my lonely war against the bearded menace?
Nothing.
That´s what.

I fight this war alone.

Just me.

Me and my shaving cream.

And my hunting knives.

And my body oil."
(RSF)

21.4.01

Procurando umas revistas velhas, me bati com uma entrevista com o Pac Man que saiu na Shift há um ano e pouco. A parte mais legal é quando ele reflete sobre o sentido do jogo:

"I think it´s about perseverance, about finding the rigth path and taking it and stiking to it. But then there´s also that unexpected thing that happens, and all of sudden you´re chasing your enemies, you´ve got the power, and just as quickly it´s gone again. Nothing is permanent, but still it does seem like the same thing over and over again, you know?"

Infelizmente, a íntegra da entrevista não está disponível na rede, já que o site da revista fechou.(RSF)
Na quinta, eu comprei a edição especial da Super Interessante sobre educação digital. Tirando as urls e uma matéria sobre a arquitetura das escolas, nada de interessante. Muitos lugares comuns, hype, hype e mais hype... Além dos textos cheios de gracinhas sem graça.

Não recomendo.(RSF)
Assim como The Sims quando foi lançado, Black & White começou a chamar a atenção. Os primeiros fóruns sobre o jogo já começaram a aparecer.

Mais que dar uma de Deus, o que outros jogos já permitiam, o trunfo do jogo é a inteligência artificial que comanda os habitantes do mundo e os avatares. O chefe de equipe de desenvolvimento do jogo deu uma entrevista à Feed sobre o assunto.(RSF)

20.4.01

Continuando a história do papel analógico vs digital:
Uma empresa sueca está preparando um papel capaz de interagir com ambientes digitais.

É só escrever nesse papel especial que ele envia - através de uma caneta que usa a tecnologia Bluetooth - o texto ou imagem para a web, ou para um fax ou e-mail.(RSF)

19.4.01

Origens Secretas" é um termo bastante comum nas histórias em quadrinhos de super-heróis: uma forma de expandir a "origem pública" de um personagem, contando algum aspecto desconhecido, cortando outros que não funcionam mais. É um jeito de dar uma reformulda no personagem sem muito trabalho.

"Musclebound - The Secret Origin of Flex Mentallo" (Doom Patrol 42) é a origem secreta mais legal que já li. Para começar, ela é a primeira aparição do personegm, não uma reformulação. E a história não faz lá muito sentido.

Tudo começou um dia em 1954, na praia. Mac era um garoto franzino. Enquanto ele e sua namorada aproveitam o Sol, um valentão joga areia nos dois. Quando Mac reclama, o valentão o trata de forma muito rude. A namorada de Mac não gosta nada de vê-lo apanhar: onde já se viu alguém perder uma briga com só um empurrão?

Parece familiar? Devia.

A história é roubada de uma propaganda do método de desenvolvimento muscular de Charles Atlas. Até o layout dos quadrinhos é igual, mas alguns elementos estranhos - um relógio derretido, um navio afundando, a Morte passeando, pterodátilos - ficam se alternando nos quadrinhos.

Frustrado, Mac sai para dar uma volta pela cidade. "Let me prove I can make you a new man!", diz a figura fumando três cigarrinos - não cigarros - um televisor que oferece sonhos por 10 cents e uma imagem de Charles Atlas no lugar do topo da cabeça. Para resolver seus problemas, Mac só tem que preencher um formulário e colocá-lo "na terceira caixa-postal que ele vir no nono dia do mês".

Mac cumpre as instruções e recebe "Muscle Mystery for You", um livro ensinando como dominar os poderes do Muscle Mystery!!.

"Muscle power, developed to such a degree that it could be used to read minds, see into the future, into other dimensions even."

De volta à praia, o mesmo valentão está novamente enchendo a namorada de Mac. De acordo com a tradição dos anos 50, Mac revida, atacando o agressor. Depois de um único soco, Mac flexiona seus músculos e o valentão é arremessado longe pelos poderes do Muscle Mystery!!

Flexionando mais ainda seus poderosos músculos, as palavras "Hero of the beach" aparecem sobre Mac. É a primeira aparição do seu "Hero Halo".

Namorada: "Oh, Mac! You are a real man after all!"
Mac: "That´s right. I am a real man and I don´t need a tramp like you anymore!"


Assim começou as aventuras de Flex Mentallo, o Herói da Praia. Cada uma mais absurda que a outra e todas envolvendo a cor verde.

As aventuras duraram por anos, até Flex receber a visita de um homem com um segredo terrível sobre o Pentágono. Ele se tranca no quarto e passa anos flexionando seus músculos, usando o Muscle Mystery!! para tentar transformar o Pentágono num círculo ("Something to do with the geometry of anguish...")

Além dr uns números da Patrulha do Destino, o único lugar que Flex apareceu foi em uma mini-série, também escrita por Morrison e muito difícil de achar. Uma encadernação apareceu nuns catálogos, mas os pedidos foram tão poucos que a revista nem foi impressa.(RSF)
Os críticos dos e-books normalmente ficam num nível bem superficial. Ou reclamam da inferioridade da interface dos livros eletrônicos, dizendo que eles nunca vão ser tão bons de ler quanto os de papel, ou falam do cheiro do papel, das texturas do livro... O segundo tipo de crítica normalmente vem acompanhada de alguma história da infância.

Deixando de lado a nostalgia - que eu entendo e sinto - a única crítica realmente pertinente que eu tinha visto até hoje é a dificuldade que vai ser ler informação digital no futuro, quando os formatos atuais forem esquecidos.

No artigo The Last Book, finalmente encontrei mais uma crítica válida. Segungo o autor, vivemos com uma hierarquia das informações. A forma do livro, mais duradoura que outras, está no topo dessa hierarquia.

Se os livros de papel forem substituídos por livros eletrônicos, a hierarquia e a perenidade vão se perder. Perceberemos a cultura apenas como um fluxo.

Outra crítica que o autor faz, também muito interessante, é quanto ao modelo comercial que está sendo adotado. Os livros eletrônicos poderão ser lidos em apenas uma máquina. Nada de emprestar, roubar, comprar na baciada... Com isso, o elemento aleatório na cultura diminuiria, o que também é prejudicial. (RSF)

18.4.01

Agentes inteligentes são programinhas que deveriam ser capazes de cumprir tarefas para você na rede. Mas eles funcionam muito mal. Na tentativa de melhorar o desempenho, dois pesquisadores da NEC resolveram colocar os agentes para conversar. Com isso e a seleção nada natural dos cientistas, os agentes estão desenvolvendo uma linguagem própria.

Tem gente que acha que em vez de ajudar o usuário, os agentes inteligentes só vão causar prejuízo. Eles vão deixar os desenvolvedores de interfaces preguiçosos: já que os agentes vão ser espertões, por que os engenheiros vão ficar pensando em soluções melhores?(RSF)
Mais Doom Patrol. O número 41 desta vez.

"Potlatch: A ceremonial feast among certain Native American peoples of the northwest Pacific coast, as in celebration of a marriage or accession, at which the host distributes gifts according to each guest's rank or status. Between rival groups the potlatch could involve extravagant or competitive giving and destruction by the host of valued items as a display of superior wealth." (American heritage Dictionary)

"This often continued until one tribe was forced to destroy its own town, thus raising the obligation of the opposing tribe to an intolerable level.

The loser was the tribe that ultimately had to admit it valued property and possessions above honor and ideology."


A Patrulha do Destino encerra uma guerra em mais um impasse custoso simplesmente expondo os conceitos para os dois lados do conflito. Já tendo tentado quase tudo, os grupos dementemente aceitam e começam a destruir suas posses. Tudo bem que o conceito foi apresentado por Rébis de forma bastante negativa, prevendo necessariamente a destruição como presente, mas é engraçado os lados em disputa preferirem destruir seus bens ao cedê-los para outros ou criar algo em prol do adversário.

Rébis é um dos integrantes da Patrulha do Destino composto por um homem, uma mulher e um espírito de "energia negativa" que flutua por aí envolto em bandagens e usando óculos escuros de gatinho. "Rébis" é uma palavra que vem da alquimia, descrevendo a amálgama resultante de um experimento. (RSF)
Anywhere But Anywhere

"Forget the brain tumor - did you know that whenever you use a cellular telephone you're destroying your own existence?" O artigo - de uma revista de filosofia - fala de como os telefones celulares atacam a experiência humana ao desfazer as contigências e as prioridades que a governaria.(RSF)

17.4.01

Hoje eu li

Um artigo - ou coisa do
tipo -
que diz que
prosa que não vai até
o final da linha não é
poesia.

E que "poesia"
assim só empobrece a
prosa e a
poesia.

O autor diz
que é difícil saber
o que é
prosa e
o que é
poesia.

Quando "poetas" chamam
coisas como
este horror aqui
"poesia".


Desculpe, mas a piada foi irresistível. O artigo é uma parte da série How Contemporary American Poets are Denaturing the Poem.(RSF)

16.4.01

"Qual é mais gostoso?" Um cheeseburger ou uma X-Box? É a pergunta que Bill Gates - numa daquelas folhas para cobrir bandejas, tipo do McDonald´s - fez na apresentação do novo videogame.

Mais que um novo videogame, o X-Box deve inaugurar um novo modelo de negócios para a indústria de consoles: além dos jogos, o acesso a bancos de dados online - via DSL ou cable modem - com acessórios para eles. Só tem uma coisinha atrapalhando: os serviços acesso rápido americanos estão fechando. E sem eles o X-Box não é nada demais, apesar das especificações técnicas impressionantes. (RSF)

Em 1945, Hitler passou mais ou menos 5 meses enfiado num bunker em Berlim. Lá ele se casou, comandou os exércitos alemães e se suicidou. Ao que parece o complexo subterrâneo nazista era imenso. Volta e meia, os alemães encontram mais um pedaço dele. Não querendo correr o risco de glorificar o nazismo, o governo alemão simplesmente veda todas as passagens, deixando os subterrâneos lá.

Hitler Slept Here saiu na Slate essa semana, contado a história e perguntando o que se deve fazer com esses restos da Segunda Guerra.(RSF)

15.4.01

Lembra do Dogma 95? Alguém decidiu que os videogames precisam de algo parecido. Daí, Dogma 2001. O manifesto pode ser resumido a poucas palavras: "A tecnologia sufoca a criatividade."

Como toda proposta de negar a tecnologia, ou a tecnofilia, essa está começando a chamar atenção.(RSF)

14.4.01

Passei a maior parte do dia lendo Cultura da Interface. O segundo capítulo trata da metáfora do desktop. O terceiro das janelas. Ambos são bem superiores ao primeiro capítulo, que não tinha nada de novo. Mais tarde comento mais extensamente.

Além disso, hoje só procurei algumas besteiras no jornal para poder cumprir uma tarefa de uma disciplina da faculdade. A tarefa consistia comentar alguma matéria ou nota que se encaixasse no tema da disciplina. Alguns dos resultados foram bem interessantes.(RSF)

13.4.01

Também em Doom Patrol, número 40, eu aprendi que existe uma hierarquia entre os Homens de Terno. Além dos de Preto, há - pelo menos - os Homens de Verde e Malva. Já tinha me batido com essa idéia num suplemento do RPG Mage, chamado New World Order. Lá, se começava do preto e ia se avançando na hierarquia até o branco. Menos palhaçada, mas a idéia é a mesma.

Em DP, os Homens de Terno têm hábitos desagradáveis. Além de ficarem numa tagarelação sem fim cheia de trocadilhos ("'Dog' spelled sideways is 'gdo'"), eles mexem no cérebro das pessoas para destruir a capacidade de escrever:

"We did it years ago. A lesion in the angular gyrus of your brain´s temporal lobe. You´ve been writing gibberidh ever since."

Impressão minha, ou tudo é mais estranho que Arquivo X?(RSF)
Uma das coisas que mais gosto em Doom Patrol é que depois de ler eu sempre tenho sonhos estranhos. Agora há pouco eu sonhei com a "Praga do Silêncio" e a "Praga do Espaço". Mas em vez dos personagens das histórias, essas táticas eram usadas entre pessoas que eu conheço.

"The penultimate Great Plague was the Silence Plague.

This destroyed all words. Words make the word and without words, we has no world. Without words to name and identify them, the objectivity of things in our world became... compromised.

The final plague was the Space Plague, see?

First they weakens space by erasing the words wich define it, then they eradicates ir totally with their plague. They annihilates space and leave us with nothing to occupy. Us cannot move. There is no space to move into.

Without space, without word, however, us was elevated to pure mind. Space no longer fettered us. We were free to create the Kaleidoscape and oppose the mesh once more..."


Essas pragas são descritas na número 38 da revista.(RSF)
Sem dúvida um dos meus escritores preferidos, Warren Ellis começou há algum tempo um site novo, o Strange Machine. Lá ele não fala de quadrinhos. É um weblog com comentários, ficções curtas e ensaios. Na página de abertura, uma histórinha sobre vampiros, The Walk.

Ele também escreve - de vez em quando - uma coluna chamada Bad World. Só sobre coisas ruins.(RSF)
Ontem, finalmente comecei a ler Cultura da Interface, de Steven Johnson. Até agora - no prefácio e no primeiro capítulo - sem grandes novidades. Johnson nega a distinção entre cultura e técnica, engenharia e arte, apontando exemplos de artistas-engenheiros, como Leonardo Da Vinci. Os designers de interface fariam parte dessa tradição.

Há uma retomada das idéias de McLuhan sobre como a aceleração tecnológica permite enxergar o modo como os meios funcionam. Johnson faz uma relação bem interessante entre McLuhan e Marx: ambos veriam a velocidade das modificações como benigna. McLuhan por ela permitir a "compreensão das causas". Marx por que ela forçaria a sociedade capitalista a se enxergar historicamente, o que acabaria colocando o sistema em crise.

No primeiro capítulo há uma breve análise de como o trabalho de Doug Engelbart modificou a visão da técnica. O mouse e a manipulação táctil dos dados criou a possibilidade de enxergar a tecnologia como um espaço, em lugar de uma prótese.

A partir daí, Johnson faz uma análise extensa do que ele chama de "mídia parasitária" ou "meta-mídia": programas de tv, colunas de jornal e revistas que tratam da mídia. Johnson diz que o fenômeno da "meta-mídia" é que ele indica que a própria esfera da mídia é pensada como tão real quanto outras.

Essa "meta-mídia" seria uma antecipação dos meios que vão aparecer em breve. O que estaria sendo antecipado? Os filtros flexíveis que a informação digital exige. Esse filtro seria justamente a interface.

O papel da interface seria o mesmo dos romances urbanos da Revolução Industrial ou das peças de Shakespeare: prever o novo cenário e ir preparando nossa sensibilidade para ele. Mais uma vez, Johnson vai ao encontro de McLuhan, que via o artista como capaz de perceber os ambientes e contra-ambientes e falar deles.

Procurando algum trecho em que McLuhan fale sobre o artista em Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem não consegui encontrar. Cadê o índice remissivo?(RSF)
Estive muito desanimado para escrever na quarta: o site em que eu trabalhava fechou as portas. Passamos a semana arquivando tudo e terminanos anteontem. (RSF)

11.4.01

Finalmente terminei O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco. O livro conta a história de três editores que entram em contato com um plano secreto dos Templários e a partir da releitura de vários textos "ocultos" e históricos tecem seu próprio Plano, que acaba se tornando realidade, sem que eles façam qualquer coisa para isso.

Outr coisa bem legal do livro é Abulafia, o processador de texto usado pelos personagens como oráculo em mais de uma ocasião. Coisa que o Word é incapaz até hoje.

O livro é montado a partir de textos de e sobre sociedades secretas. Cada capítulo abre com uma epígrafe tirada de um desses textos. Encontrei muitas referências conhecidas. E a estrutura narrativa do livro é baseada na árvore sefirótiva da cabala.

Em vários aspectos, o livro me lembrou The Invisibles, de Grant Morrison. A premissa é a mesma: imagine que cada conspiração é verdade. Que sociedades secretas lutam para dominar o mundo. Linguagem como estruturador da realidade, uma história que se torna verdadeira ao ser contada, a luta entre forças ocultas que conseguem todas ter uma visão muito parcial do tabuleiro...

Eco e Morrison sem dúvida fazem parte da mesma sociedade secreta. Imagino que da Universidade Invisível...

O primeiro capítulo é bem árido, quase insuportavelmente chato. Mas vale a pena insistir :depois disso melhora.(RSF)
Para a aula amanhã, li Ciber-Socialidade - Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea, de André Lemos, o professor da disciplina.

Baseado em conceitos o francês Michael Maffesoli, texto analisa as formas de sociabilidade que surgem em paralelo - ou auxiliadas pelo Ciberespaço. Tais modelos de relação seriam regulados por uma "ética da estética", caracterizada pela tatilidade, tribalismo, vitalismo, presenteísmo e formismo. Tal forma de sociabilidade é chamada por Maffesoli de sociabilidade.

Lemos examina a forma que os grupos característicos da Cibercultura se estruturam e se comportam de acordo com o modelo de sociabilidade delineado por Maffesoli. A própria técnica - nos tempos modernos, instrumento de alienação e individualismo - seria o elemento gregário de uma série de novos grupos. Diferentemente de sua antecessora moderna , as tecnologias de informação atual não trazem um discurso de "cibernetização" da sociedade, mas antes são "tribalizações" da técnica.

A idéia de que a técnica responde às necessidades e desejos da sociedade, não sendo uma alienígena, faz eco a Pierre Lévy, em "As tecnologias têm um impacto?" (Cibercultura, capítulo 1). (RSF)

10.4.01

Eu não costumo jogar muito videogame. Acho a maioria dos jogos bem chatinha: lenta, repetitiva e igualzinha a uma outra opancada de jogos. Os jogos que costumo jogar são aqueles bem rápidos: Tekken 3, Gunstar Heroes, Terminator (do Gênesis)...

Mas um tipo de jogo que sempre me fascinaram são os simuladors - como o Sims. Mais que jogar, a maneira como o jogo é organizado me intriga: como os personagens interagem com os objetos, o que dá e não dá pra fazer...

Black & White parece ser outro que vai me deixar babando. Já está decidido: serei um deus cruel. (RSF)

9.4.01

Ontem, também para uma disciplina da faculdade, li Ética em Tempos Pós-Modernos, de Wilson da Silva Gomes (que por acaso é o professor da disciplina).

O texto trata do problema ético na pós-modernidade. Segundo autor, a ética pós-moderna negaria a normatividade ética (a vinculação de juízos de valor a critérios objetivos). Esse ataque à normatividade ética seria fundado no ataque à racionalidade.

Gomes responde os ataques à racionalidade - e as críticas à normatividade ética - baseando-se nos seguintes pontos:
- Mesmo que a racionalidade não exista isoladamente, ela a única forma de se discutir.
- Quem nega a racionalidade o faz usando a própria, invalidando sua argumentação.

Segundo o autor, a racionalidade pode-se ser usada para fundamentar a normatividade ética por permitir:
- a existência de sistemas que não recorra a nenhum tipo de brutalidade para ser legítimo.
- permitir novos exames das regras morais em novas situações.
- permitir a comparação das regras morais de diferentes sociedades.

Bem, pelo menos foi o que eu entendi. Mas as coisas ainda estão muito confusas. Mandei este comentário para o autor e a resposta - caso exista uma - vai ser postada aqui. Se não rolar resposta, só depois da aula de quarta para corrigir os absurdos.(RSF)

8.4.01

Domingo é o dia da New York Times Magazine. Apesar de raramente ler as reportagens, toda semana eu dou uma olhada. E vou ler minha coluna preferida lá: The Ethicist. Uma espécie de consultório para questões éticas ligadas ao dia a dia. Apesar de discordar de vez em quando (o que me faz questionar minhas posições), as respostas explicam direitinho por que aquela é ou não uma boa forma de agir.

Ainda na New York Times, How to E-Mail Like a C.E.O. O artigo divulga os resultados de uma pesquisa sobre como o uso do correio eletrônico reflete o status dentro das empresas. Se você está com preguiça de ler, lembre-se disso: nada de piadas para as listas do trabalho ou seus superiores.

Para ter acesso ao NYTimes é preciso se cadastrar. É grátis e rapidinho.(RSF)
Na Doom Patrol 36 há a primeira aparição dos Men From N.O.W.H.E.R.E. Eles são chamados assim por só serem capazes de falar através de acrósticos de "nowhere":
"Never open William´s head evil reptiles emerge."
"Naked old widows hover earlier round easter".
"No obstruction will hamper eminently righteous endevours."
"Now oblivion waits. Hideous evil requires elimination!"
"Need orders! Warning! Expedient response expected!"


Por incrível que pareça, na maior parte do tempo esses absurdos fazem sentido.

Eles são homúnculos que têm a cabeça com a forma semelhante à de uma formiga, mas sem boca ou qualquer outra coisa. Os olhos ficam suspensos por pequenos guindastes parecidos com antenas, presos no topo da cabeça. E a missão dessas aberrações é eliminar qualquer ameaça a normalidade. Além de soltar raios e quebrarem coisas, eles são capazes de enviar - através de rasgos nos seus sobretudos - pessoas para a Tearoom of Despair, onde alguma coisa muito ruim deveria acontecer. Mas a personagem que vai para lá - Crazy Jane - acaba até se divertindo.

A primeira missão dos Men From N.O.W.H.E.R.E. é eliminar Danny: uma rua consciente e travesti capaz de se teleportar para onde desejar. (RSF)
Todo o sábado eu recebo uma pancada de boletins por e-mail. E o meu preferido é o World Wide Words. Editado pelo linguista inglês Michael Quinion, o WWWords traz toda semana a origem de palavras estranhas ou que estão na moda. (RSF)

7.4.01

Estou relendo as Doom Patrol escritas por Grant Morrison. Muito, muito boas, elas são mais ou menos da mesma época que as Homem-Animal dele.
Em vários aspectos, a série é muito parecida com JLA. Ambas se apropriam da forma canônica das séries de super-heróis e, a partir daí, começa a inserção de elementos estranhos. No caso de Doom Patrol, surrealismo, vilões que falam em anagramas, dadaísmo, heroínas com personalidades múltiplas...
Mesmo sem querer, eu vejo o Japão com uma certa reverência. O senso de cuidado e delicadeza (ou cuidado e brutalidade) que eles vendem sempre me impressiona. Sem falar na tecnologia... William Gibson - autor cyberpunk - admira o Japão há muito tempo e explica por que nenhum outro país vive tão perto do futuro.(RSF)

6.4.01

Continuo avançando nO Pêndulo de Foucault, mas mais lentmente do que gostaria. Mais uma vez - depois de capítulos e capítulos - novamente aparece Lia, a voz da sensatez no livro. Engraçado como ela consegue desfazer todo O Plano dos protagonistas em poucas páginas. Quero mais Lia!

Cultura da Interface que é bom, nada!(RSF)
Abri o dia lendo um texto na McSWEENEY'S: 32 1/2 Things I Learned on a Blind Date With a Pretty Girl Named Heather . Gosto bastante das coisas do Dave Eggers. Não que elas façam muito sentido ou ele admita escrever tudo... O site é atualizado quase todos os dias, sempre com essas mais ou menos ficções.

Pra variar um pouco, algo realmente interessante no No.com.br Informação: livre, leve e solta?, sobre como o avião capturado na China e o MIT abrir todos os seus cursos para a rede faz parte dos mesmos panorama. (RSF)

5.4.01

Maus Culture é mais uma daquelas matérias sobre como os quadrinhos cresceram de um meio direcionado as crianças e adolescentes para algo válido e que pode ser aproveitados por adultos. Como sempre, Maus, O Cavaleiro das Trevas e Watchmen são mencionados.

O que diferencia essa matéria de tantas outras do tipo é que o autor se preocupa com o destino dos quadrinhos de super-heróis: eles vão ser deixados de lado pelos criadores na busca por maior legitimidade?

Joe Sacco e seu novo livro Safe Area Gorazde - sobre a Bósnia - recebem elogios e elogios. E não sem razão. Apesar de ainda não ter lido Safe Area, o que vi do trabalho de Sacco em Palestina e Comic Book - o Novo Quadinho Americano impressionam. Estranhamente, os dois títulos estão disponíveis no Brasil, pela Conrad. (RSF)

4.4.01

Um novo albúm do Asterix é sempre uma boa notícia. Mesmo quando parece que as coisas não são tão boas assim...(RSF)
Em uma aula hoje li A Planetarização da Informação Mediática e os Horizontes da Experiência Comucacional, do português Adriano Duarte Rodrigues. O texto trata da oposição entre experiência comunicacional e informacional, observando que a expansão da primeira esfera não acarreta a expansão da segunda: as facilidades proporcionadas pelos sistemas de informação não acelera as partilhas de sentido que caracterizam a comunicação.

No texto, Rodrigues faz um uso de "aldeia global" que me parece equivocado (ou pelo menos parcial). Se me lembro bem, os meios eletrônicos e a comunicação via satélite fariam um mundo ser uma aldeia global por tirar o homem do reino tipográfico (do encadeamento lógico, das ações com conseqüências posteriores...) e levá-lo para um mundo que funcinaria como uma aldeia: as ações teriam conseqüências imediatas, o mundo envolveria todos os sentidos e não um só...

Acho que vale uma visita ao texto, já que a idéia da aldeia global é recorrente toda vez que se fala em Internet. Os Meios de Comunicação Como Expansões do Homem (AKA Understanding Media), além da análise de vários meios, explica muito bem esse esquema. Vale a pena

Enquanto isso uma matéria e uma entrevista póstuma publicadas na Wired vão quebrando o galho. (RSF)
Alan Moore é considerado por muita gente um dos maiores escritores de quadrinhos na ativa. Além disso, ele é um mago. Nessa entrevista enorme, ele discute como tudo que ele faz, dos quadrinhos a certos passeios fazem parte de uma visão unificada do mundo. (RSF)

3.4.01

Toda terça eu vou na Salon ler o Story Minute. Acho que é uma das histórias em quadrinhos mais legais da rede.
O de hoje não, mas tem uns que dão uma vontade de chorar... Os arquivos ficavam na página da revista, mas parece que agora estão no site da autora. (RSF)
Encontrei uma coletânea com os mais de Caio - "Meu truque antigo: o em-volta tão claro que virava seu oposto e se tornava escuro, enchendo-se de sombras e reflexos que se uniam aos poucos, organizando-se de sombras e reflexos que se uniam aos poucos, organizando-se em forma de objetos ou apenas dançando soltos no espaço à minha frente, sem formar coisa alguma". (Sargento Garcia, Caio Fernando Abreu, estandarte urbano) (IN)
Depois de muito hype, li A Arte Emergente , um ensaio sobre videogames enquanto. Pelo ensaio, nada demais. Muitas das idéias já tinham aparecido - de forma mais elaborada - numa edição especial da Feed sobre o assunto. Por aqui o ensaio saiu na Folha de São Paulo em 14.01.01. O original, numa revista que nunca ouvi falar, a Technology Review.

Ainda nem abri Cultura da Interface. Mas li mais um pouquinho dO Pêndulo de Foucault.(RSF)

2.4.01

Ainda não li muita coisa hoje. Estava meio agoniado no trabalho (onde eu leio a maior parte das coisas na rede). Li a Holy Avenger 16. Achei meio sem graça, comparando com os números anteriores. E a arte estava meio apressada.

Comprei Cultura da Interface, um livro que queria há um ano e pouco. Devo começar a ler - anotando!! - mais tarde hoje. E depois, mais uns capítulos dO Pêndulo de Foucault (de Umberto Eco). Até o momento, acho que o melhor capítulo é o 63: um pouco de racionalidade clássica e ternura no meio daquele emaranhado sem fim de sociedades secretas.

Mais comentários depois. (RSF)